O Cenário

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Optou-se por um cenário em forma de arena, para enfatizar a circularidade do tempo e o confinamento do espaço.

Um signo perpassa todos os elementos em cena: a cruz.

Sua escolha não é gratuita. A morte é uma presença constante no texto, seja a morte física, seja a morte da terra ou de pessoas - nada escapa deste ambiente de desagregação.

A cruz remete à morte, mas é também sinal de religiosidade, de misticismo e fé, tão presentes na cultura nordestina. A cruz é, ainda, um elemento de contraponto entre o sagrado e o profano, entre o real e o imaginário, entre a vida e a morte. Logo, sua projeção, equaciona todos os ambientes de que o texto necessita.

Tanto as casas quanto a cerca são formadas por cruzes.

Desta forma, as casas, ao mesmo tempo em que adquirem a conformação de portais e janelas, sem paredes e telhados, podem sugerir a idéia de mausoléus, onde o ritual fúnebre se inscreve.

A cerca que divide o espaço cênico ao meio representa não apenas a fronteira em litígio mas o próprio rito de passagem entre a vida e a morte.

Todo cenário é trabalhado em um único tom, a cor terra, conferindo um clima árido, inóspito e incômodo. Todos os elementos são texturizados, como se fossem de barro batido, de uma argamassa aparentemente rígida, porém sem resistência, criando certa instabilidade cênica.

André Sanches Sampaio

Cenógrafo

 

O Figurino

A linguagem cênica do figurino tenta não se prender à estética do cangaço, e sim expressar a relação entre a medievalidade e o sertão.

Com isso trazemos à tona questões religiosas, também vistas sob o ponto de vista barroco.

Há uma divisão em dois planos, o dos humanos e o sobrenatural.

O personagem Cícero, o profeta, faz a intermediação entre os dois planos, pois representa a fusão do profano com o religioso. Tendo por função básica a antecipação das mortes, está caracterizado como o personagem do maracatu rural (manifestação que suscita os mortos), com sua lança e chapéu de fitas, tal qual um guerreiro medieval, com contorno popular.

No plano dos humanos, as cores não são vivas, mas trazem um aspecto de desgaste, como se tudo tivesse se descascado e envelhecido devido à aridez do sertão e à força do sol. O plano dos sobrenaturais se inspira nas imagens dos santos barrocos, sob acabamento mais sofisticado e detalhado.

Os tecidos são rústicos. Com o uso de tramas e sobreposições, foram trabalhados e tingidos para dar o aspecto mencionado.

A trama do tecido remete à idéia da cerca, que é o elemento condutor da peça.

A intenção foi que as escolhas de tecido, cor e adereços caracterizassem e complementassem a proposta da encenação...

Flávia Neves e Renata Siciliano Esposito

Figurinistas

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